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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Composição em letras

Música: Broken Beat  e Scarred- (Metálica)- Grito estérico externo. Luzes apagas, corpo nu com o globo nas mãos , apenas a lanterna iluminando a imagem. Movimento de rotação. O globo cai , a luz acende. Percepção do entorno, blusa do Mickey. Corrida no mesmo lugar, o barulho torna atordoante até as mãos chegarem nos ouvidos. Música para. Silêncio(não se sabe se só pra ela):
   - Eu sei que sinto porque rio e choro. 
Agarra o globo , girando em torno de si até o centro do espaço: 
   - 100 mil anos luz de diâmetro e rotação lenta. Todas elas , com seus braços mecanizados, giram em torno do meu centro. Eu só não sei onde termina e se termina. 
 Roda o globo batendo no peito, como efeito da gravidade, até esgarçar o movimento que vai ficando cada vez mais rápido. Pede silêncio. Coloca o globo sobre o laptop e rapidamente vai em direção ao lixo eletrônico (chuveirinho quebrado, fone de ouvido e teclado) enquanto fala , vai desmontando as letras do teclado:
      - A barata percorre fielmente a sua trajetória pela cozinha infinita, preenchendo todos os seus vazios de presente. Até o surgimento do grito, depois a vassoura esmagando-lhe por completo. Fim. Mania do mínimo de se assemelhar com o imenso. De repente fim. Chinelo, vassoura, inseticida , tsunami, furacão, meteoro. De repente fim. Mas hoje eu resolvi quebrar as regras, passei por debaixo de todas as escadas que avistei e quebrei os espelhos da minha casa, foi bonito, um bilhão de caquinhos pelo chão como estrelas cheias de gravidade. De repente fim.
    Joga os teclados pelo globo e corre para pegar o resto de lixo eletrônico, enquanto pega julga o quanto são importantes. Vira um aglomerado de coisas pelo corpo: Fios, teclados, carregadores, fones, relogio , bateria, cano,ect. O chuveirinho vira telefone:
   - Alô? Alô? Não...é engano. Mas a gente pode conversar!- Implora atenção , quer conseguir ouvir e ser ouvida. Não é bem sucedida na tentativa com o estranho. Desliga e começa a colocar os objetos sobre o globo:
   - De acordo com as leis da óptica, todo o telescópio astronômico produz uma imagem de cabeça para baixo e invertida, da esquerda para a direita. Uma lente extra introduzida na ocular, põe a imagem na posição correta. Essas lentes são muito caras e astronomicamente desnecessárias e é por isso que em muitas imagens astronômicas aparecem com a indicação "Sul " em cima. Você não entendeu nada ao ver a minha indicação escrita a caneta bem em cima da minha testa, esfregou-a evitando meus olhos que se contorciam desnorteados pela confusão dos seus gestos. Você arregala porque não quer ver. 
Partitura com o plástico. Sacode-os bruscamente e depois de formado um aglomerado de plásticos sobre uma das mãos, pede socorro avisando com o corpo. Movimentos leves , brinca com eles de big- bang. Todos caem sobre o globo. Pega o fone rosa e introduz sobre o globo:
  - Alô? Eu tô aqui, olhando pro passado. Alo? Eu tô aqui. Aqui na via láctea, dentro do sistema solar no planeta azul próximo ao vermelho. Eu tô aqui no amontoado de lixo, onde as coisas caem e permanecem. Permanecem. Permanecem. Eu ando permanecendo aqui feito plástico. Eu ando permanecendo aqui onde as pessoas fazem primeira comunhão e são felizes somente em dezembro.Eu ando permanecendo aqui na espera que alguém me busque ou jorrem de uma vez o inseticida. - Roda em torno do globo, cheio lixo eletrônico e sacolas plásticas. Está ligada pela terra pelo fone cor de rosa:
   - Esse pensamento é grande demais pra minha cabeça pequena. - Roda.

Fim.


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