.

.
Mostrando postagens com marcador perspectiva. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador perspectiva. Mostrar todas as postagens

domingo, 5 de outubro de 2014

TUDO AQUILO QUE EU NÃO DISSE

Arregalar não é ver. Como consequência natural das leis da óptica, todos os telescópios astronômicos produzem uma imagem de cabeça para baixo e invertida, da esquerda para a direita. Para reproduzir a visão habitual, como acontece com os binóculos e miras terrestres, uma lente, extra, introduzida na ocular põe a imagem na posição correta. Essa lente encarece o instrumento e absorve alguma luz. Para fins astronômicos ela é dispensada por ser totalmente desnecessária. É por isso que muitas imagens astronômicas aparecem com a indicação "sul" no alto. Você não entendeu nada ao ver a minha indicação escrita a caneta por cima da testa. Esfregou-a evitando olhar para meus olhos, que se contorciam , desnorteados pela rapidez do seu gesto. Você arregala porque não quer ver.

sábado, 4 de outubro de 2014

Cair em si.

Vai cair. Tudo e sempre. Existir é necessariamente estar em constante movimento de queda. Qualquer ascenção é ilusória. Somos dilúvio desde o princípio. Chovemos até hoje nadando em mentiras positivistas. Deus, a bola de cristal, o infinito, o equilíbrio, a inércia, a crença, a posse, a eternidade anestésica e todas as demais fugas com o fim de amortecer o esborrachamento mundial. Expandir nada mais é do que cair pra todos os lados. Há cada centésimo de segundo luz cai uma estrela, um homem ao mar, os peitos de mais uma senhora, o filhote que aprende a andar ou o velho que desaprende, lágrimas de crocodilos e mães, meteoros em apartamentos, lixo espacial, hospitalar e residencial pelas lixeiras dos prédios ou vielas dos morros, a bolsa de valores e de madames do jardim Pernambuco, Dentes de crianças entre 5 e 7 anos de idade, de leite, de marfim, de alho, de ouro, obturados ou não. Caí em mim disso tudo e senti vontade de pular pra agilizar o processo. Acendi um cigarro pra pensar mas a mulher do meteoro foi mais clara e ganhou o posto do vício. Restou-me a porta a balançar barulhenta quando tocada pelos meus pés. Imagina o barulho se toda essa engenhoca caísse agora. Sabe qual seria a vantagem? Nada. Ou a inauguração dele. A reinauguração talvez. Quer ver?... Um, dois, três. BUUUUM!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

festa estranha com gente esquisita

A) você é esquisita.
- B) Tenho sido mesmo.
- A) Já ta cansada de ouvir né?!
- B) Falar me cansa mais.
- A) Ta certo.
- A) É...
(Breve silêncio constrangedor)
- A)Na verdade, depende né?!
- B) Verdade?
- A) Que? Tô falando que depende...
- B) que verdade?
- A) Não você não entendeu o que eu queria dizer...
- B) Ah tá.
- A) O que?
- B) Não entendi mesmo. Tem razão.
(Longo silencio)
- A) É serio isso?
- B) O que?
- A) Você não vai me perguntar sobre o que eu pensei?
- B) Imagina... Seria muito invasivo... Direito seu.
- A) Tudo bem.
(Breve silêncio)
-A) As vezes o esforço pra não se comunicar cansa mais.
- B) As vezes sim.
- A) Mas tem gente que sente prazer.
- B) É deve ter. Sempre tem né?!
- A) Cada um com o seu cada qual. Falava uma tia minha.
- B) Alguma minha devia falar também.
- A) Sua o que?
-B) Tia. Frase de tia. Tipo a do macaco e do galho é mais comum as avós e do maluco com as manias se adequa mais a professores... Pode ser coisa minha também. Opinião né?!
- A) É que nem bunda. Cada um...
- B) Ou essa aí! É ótima.
- A) Essa é mais de amigo de ginásio em escola de interior. Que que você acha?
- B) Pode ser. boa. Acho que eu vou.
- A) Pra onde? Quer carona?
- B) Não sei ainda... Senão eu aceitava. Desculpa.
- A) De nada.

shhhhh!!!

Planeta terra chamando. Grita o despertador, o sino da igreja, três tons acima o metrô, desafinado e monopolizante o ônibus velho, alguns elevadores, todas as maquinas de lavar, celulares que ainda silenciados vibram estridentes durante peças de teatro e cenas fortes do cinema como se já não bastassem o ranger das pipocas. Ensurdecedor? Antes algo fosse. Qualquer coisa eu comprava, qual fosse o preço da abençoada, quase santa surdez. Se algum planeta tentasse se comunicar conosco, se é que já não tentaram, evidentemente não escutariamos o chamado. A tecnologia corre a passos largos; multiplica pães, transforma água em coca-cola, inventa até gente, mas não se dedica, minimamente, a silenciar. Silêncio é perigoso, faz pensar. Por alguma teoria da conspiração o barulho e os guarda-chuvas permamecem intocáveis. Planeta terra chamando! É essa a mensagem subliminar interplanetária. "Mantenha os pés no chão e nao reflita sobre isso!" grita o progresso.
" meu ouvido é pinico!" respondemos como um coro de criancinhas em uma daquelas brincadeiras infantis que envolviam batatas fritas, galinhas e pintinhos que a essa altura com certeza ja foram transformados em nugget.
Talvez por isso tenha escolhido às bibliotecas. "shhhhhh!" Essa é a regra número 1. Logo o silêncio é preenchido com letras e de repente todas as palavras são possíveis tal como tudo o que puderem formar a reboque. Os pés podem estar nas paredes, nas nuvens, no amarelo, no vácuo, menos em cima da mesa, que consiste na regra numero dois. Qualquer chamado pode ser ouvido. Diálogos com marte ou com o Olímpo são travados pelo mesmo terráqueo em questão de segundos. E o melhor: em silêncio. um mundo sem guarda-chuvas apenas por lá é possível. Acredite!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Da descoberta que a Terra gira em torno do Sol até o convívio com OVINIs


O teatro é uma arte que se utiliza da homem para falar dele mesmo. Uma metáfora do ser humano. De todas as artes talvez a mais humanista.  A perspectiva sensível do homem sobre o mundo é a matéria-prima que imprime uma simplicidade essencial: a figura do ator (há quem discorde). É um pouco contraditório partir do universo como tema central da construção de uma peça, tema tão factual e amplo (o maior de todos), acreditando estar no homem a essência do teatro. É da curiosidade pela descoberta, ou da capacidade de inventar que este projeto surge. Existe um começo do universo? O que aconteceu antes dele? De onde ele surge e para onde ele vai? Qual é a natureza do tempo? Chegará ele a um fim? Desde o princípio o homem busca estas e outras respostas percorrendo um longo caminho de certezas provisórias, mentiras prazerosas, políticas de poder, fé, desenvolvimento científico e técnico...  Enfim, toda teoria é crível até que se descubra o contrário. O que importa não é a verdade universal mas todas as mentiras sinceras que explicam nossa necessidade de compreender o universo. Quando Galileu prova que a Terra gira em torno do Sol e colabora com a criação da Física Moderna, ele quebra com a crença no Modelo Ptolomaico que persistia desde a Grécia Antiga. Acima de tudo, quando Galileu consegue comprovar através da observação, o modelo de Copérnico, e se livrar das esferas celestes e religiosas de Ptolomeu considerando o infinito, ele oferece ao homem a autonomia da descoberta, dando credibilidade ao seu modo de "olhar" o universo. No Renascimento surgem a figura do artista e as academias que diluem as fronteiras entre ciência e arte. A criação da perspectiva linear possibilita a reprodução da ideia de imitação da natureza, presente na Cultura Clássica. O espaço é uma experiência. A perspectiva é um pensamento sobre o espaço, e surge a partir da matemática: Uma forma de representação da realidade exterior; A representação do visível a partir de um ponto de vista individual e fixo; A produção de uma ilusão de profundidade. No momento que o homem se percebe perdido no espaço muito maior que o esperado, ele investe na sua própria inteligência, complexidade e solidão. No espaço infinito qualquer ponto pode ser considerado o centro. Leonardo da Vinci busca no "Homem Vitruviano" a relação de perfeição do corpo do ser humano com a grandiosidade do universo. O que vamos buscar? A relação desse tema com nosso dia-a-dia, dos pequenos acontecimentos às grandes coincidências. Vamos investigar, criar, inventar... As grandes teorias de conspirações envolvendo OVINIs; a aleatoriedade do horóscopo; a lua como assunto para se aproximar de alguém; ônibus espaciais; novas experiências com tempo/espaço; o nascimento de uma estrela; viagem no tempo; universos paralelos; realidade virtual; nebulosas... As associações mais humanas e sensíveis que pudermos fazer com o tema. 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O teatro é humanista

Para entender o contexto em que Galileu vivia, e em que medida sua descoberta aboliu um modelo de mundo que persistia à séculos, foi preciso pesquisar a passagem histórica da Idade Média para a Idade Moderna.

Humanistas, foram a vanguarda da grande transformação cultural chamada Renascimento. Quando nos referimos ao Renascimento temos em mente, de maneira geral, o período que vai de meados do século XIV até o final do século XVI. Ou seja, é um movimento histórico relativamente breve que marca o início da chamada Idade Moderna e é caracterizado pelo progresso técnico e científico, por maior conhecimento da filosofia e da literatura antigas e maior amor pela beleza.

O termo Renascimento se refere ao retorno ideal às formas da Antiguidade Clássica enquanto verdadeira fonte da beleza e do saber. A idéia de Renascimento pertence à própria época e seus protagonistas. Apesar do retorno ao passado clássico, o movimento conhecido por esse nome nada possuía de nostálgico. Era, na verdade, portador de um acentuado sentimento de superioridade em relação aos séculos precedentes, acompanhado de atitude de substancial otimismo diante do presente e do futuro. A idéia vinha acompanhada de “trazer à luz”, subtrair ao esquecimento a grandiosidade da cultura do passado, sepultada pelas “trevas” da Idade Média. A visão da Idade Média como um abismo cultural foi instaurada pelo Renascimento. As pesquisas do último século desmistificaram a idéia de “Idade das Trevas” e se dedicaram a identificar os inúmeros vínculos entre a Idade Média e o Renascimento. Os resultados alcançados puderam demonstrar que ao longo dos séculos, não propriamente de trevas, a tradição clássica não havia desaparecido completamente. Em ruptura com a tradição medieval, as artes visuais procuraram reencontrar as mais harmoniosas proporções do corpo humano e redescobrir em tais medidas humanas a alma da arquitetura antiga, capaz de dar às novas construções o ritmo musical recomendado por Platão.

O movimento humanista foi fundado na literatura. Francesco Petrarca (1304-74) havia sido o primeiro a contrapor as imagens de trevas e luz, ao confrontar o presente medieval cristão com o esplendor cultural do passado clássico. Não obstante fosse problemática a identificação do passado pagão com as “luzes” e da era cristã com as “trevas”, a ideia, cultivada por um grupo de literatos, vingou. Ainda na primeira metade do século XIV, Giovanni Boccaccio (1313-75), genial discípulo de Petrarca, utilizava o esquema “luz e trevas” de análise em louvor da arte de Giotto. Para afirmar a evolução da pintura em relação ao passado, o aspecto mais evidente era observar a excelência com que esta se tornara capaz de imitar a natureza; no caso, a natureza humana. O elogio de Boccaccio ao naturalismo de Giotto, além de sobrepor a luz do presente às trevas do passado medieval, revelava uma sensibilidade diferente em relação às imagens pictóricas e sua representação do mundo visível. As palavras do poeta e precursor  do Humanismo indicavam a existência de um público interessado em formas mais complexas de apreciação das artes a que o novo tipo de artista era chamado a satisfazer.

A imitação é um conceito crucial para todo o Renascimento, o ponto de interseção por onde passam os diferentes elementos do projeto Renascimento. O conceito portanto comporta uma vasta gama de significados, que absolutamente não excluem a ideia de originalidade. Para a cultura do Humanismo, a imitação era fundamento de um sistema moral e estético que tinha como referência os valores da Antiguidade, suas virtudes públicas e suas grandes realizações. Em oposição à imobilidade hierática das figuras da arte bizantina, os humanistas estavam interessados na representação dos “afetos” – como eram designadas as atitudes e expressões. Esse novo naturalismo era a essência da inovação Renascentista e construía o principal desafio para a nova arte. A doutrina estética do Renascimento se referia, por um lado, à imitação da natureza , à imitação do real; por outro à imitação do modelo, imitação da Antiguidade Clássica. Imitar não significava copiar, mas assimilar princípios; indicava limites e oportunidades para a invenção. As obras produzidas não deviam ser iguais, mas parecer com os modelos tal como o filho dos pais, segundo exemplo da época.


Na primeira metade do Quatrocentos, o conceito de imitação correspondia à reprodução o mais possível perfeita da realidade e estava ligado a uma prática pictórica determinada a recriar a perfeita ilusão do visível. As figuras de Masaccio na capela Brancacci, em Florença (1424-1425) são exemplos da nova orientação. A anatomia e a perspectiva linear eram consideradas diciplinas essenciais: à primeira era destinada à construção dos corpos conforme a natureza; a segunda à construção do espaço. As regras da perspectiva renascentista – inventadas em 1415 por Brunelleshi, possibilitam a criação do espaço tridimensional sobre a superfície plana, resultando em uma imagem muito semelhante à percepção que o olho humano possui da realidade espacial e dos objetos nela colocados.


Depois dos primeiros tempos mais pragmáticos, dedicados às novidades da prática pictórica capaz de desenvolver a ilusão do real, a avaliação totalmente externa da beleza logo dará lugar a justificativas filosóficas. Aristóteles é considerado principal fonte para a interpretação da imitação como mímeses da natureza. Na Poética, a arte é espelho da natureza concebida como comportamento humano. O tratado De pictura (1433), de Alberti, texto fundamental para todas as formulações sobre arte dali em diante, já contemplava a idéia de eleição ao lado da de imitação, isto é, do livre-arbítrio do pintor, que, posto diante da natureza, podia não apenas retratá-la, mas eleger seus aspectos mais belos. A busca dessa "natureza ideal" era identificada pelos humanistas na frase de Aristóteles sobre a imitação: imitar a natureza não como era, mas como deveria ser.

O início do Renascimento havia sido marcado por certa dissolução das divisões rígidas da vida intelectual, fazendo com que a arte e a ciência compartilhassem um mesmo terreno. A geometria e a matemática estavam impregnadas por idéias filosóficas. A mateática possuia lugar de preeminência enquanto ciência singular, capaz de conduzir ao conhecimento abstrato das relações e das medidas, fazendo com que estas assumissem significados além do nível racional. Por meio da matemática, o espaço arquitetônico, por exemplo, prestava-se a analogias universais astrológicas e teológicas a que estavam sujeitos formas e números. Tais analogias punham em comunicação o macrocosmo e o microcosmo. O antigo simbolismo dos números e a harmonia numérica das esferas celestes remetiam aos preceitos pitagóricos retomados por Plotino e os neoplatônicos da Antiguidade. Tais ideias sobre o misticismo dos números - que nunca desapareceram totalmente - são redescobertas e desenvolvidas pelos filósofos do Renascimento com grande influência sobre as artes.

O processo de promoção social das artes se desenvolve em sintonia com a celebrada centralidade que a ideia de individuo teve para o Renascimento. O novo protagonismo adquirido pelo artista acompanha um processo de secularização da cultura no qual as realizações e os feitos terrenos dos homens passavam a ser altamente considerados e louvados. No decorrer do Quatrocentos, surgem diversos livros no gênero "homens ilustres" como o de Vilani, sobre os notáveis de Florença. O elogio do indivíduo e o culto da fama se estendem da literatura para a escultura, a pintura e a arquitetura.

(Fragmentos do texto “o projeto do renascimento” de Elisa Byington)