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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Anotações do meu caderno

Ensaio 4 (22/09)

Cacá – fora
Elisa – pulsação
Clara – círculo
Fred – deformação
Bruna – ponto de vista

Algumas observações individuais:
- Relação da Cacá com os membros do corpo (meio réptil)
- Qualidade corporal interessante da Bruna, de indefinição: quase levantar, quase andar... Peso da gravidade criando uma densidade quase psicológica para a forma: associei à depressão, preguiça, ócio, imobilidade, lentidão, languidez. Uso de apoios e posições exóticas.
- Clara demonstrou desde o primeiro ensaio uma relação forte com o chão: metade do corpo do não outra metade fora.
- Bruna e Clara bateram os corpos e caíram ao mesmo tempo (ótimo momento de grade)
- Fred repetiu várias vezes um gesto habitual espontâneo de botar a mão no rosto. Esses gestos cotidianos são interessantes para a pesquisa. Possibilidade de desenvolver um cansaço constante que vai crescendo com o decorrer do tempo (o gesto cotidiano que cresce até tornar extra cotidiano).

- Elisa tende ao centro do espaço e assume um ritmo diferente do resto do grupo, prioriza a lentidão. Força que saí do umbigo.

Ensaio 5 (24/09)

Cena 1 (Cacá, Bruna e Juliana) – trajetórias individuas ou órbitas planetárias que se encontram. Pessoas aglomeradas num ônibus.
Cena 2 (Clara e Elisa) – O fim do mundo acaba e só sobram 2 pessoas. “O fim ta se aproximando”, “Acabou!”, “Você tá me dizendo que a gente sobrou?” – inúmeras situações: tentam ter um filho, fumam maconha para acalmar

Alguns apontamentos individuais:
- Juliana – cigarro/ andada impulsionada pelo quadril, com o rosto baixo/ andada de um lado para o outro (trajetórias repetitivas e circulares)/ “Isso é bobagem”/ “Blasfêmia”/ “Você devia ter vergonha”/ estado de perplexidade/ produzir lixo durante a peça, sujar o palco/ personagem crente (associação religião com capitalismo)
- Caca – se colocar em buracos ou lugares inusitados/ rir de coisas ordinárias (como a tosse)/ andar de lado/ “Tá tudo caindo!” (listar o que caiu)/ “E qual é a vantagem?”
- Clara – vício de dançar – indústria do entretenimento (“preciso me divertir!”)/ Frenética e urbana “Cidade, cidade, cidade...”/ Tom de reclamação, pessimismo, denúncia.
- Elisa – posições estranhas, inusitadas mas demonstrando conforto, nova maneira de se portar no espaço/ “Mas o que fica? Se acabar vai ficar alguma coisa, não?”/ matriz “Você acredita em...?”
- Bruna – figura exotérica, riponga/ corpo mole e lânguido/ posições inusitadas exigindo alongamento 

Ensaio 6 (29/09)

Gestos:
- apertar um botão
- soltar o joelho
- passar a mão no rosto
- ombrinhos
- quebrada do quadril
- rotação do joelho 

- Vassoura (Cacá): “a pequena floresta de piolhos” foi criada por causa do massacre que os piolhos estão sofrendo, é um abrigo para piolhos. A empresa aceita doações de piolhos e estão desenvolvendo um pedigree. É preciso dialogar com os piolhos. Os piolhos sofrem um preconceito, frases cotidianas com idéias pejorativas como “vai pela cabeça dos outros”. Política de proibição dos shampoos anti-piolho.
- Jornal (Fred): Novas tecnologias “O Globo”, nada mais é que o transporte para o futuro. “O grande tapete voador” é a solução para o transito e a falta de lugares para estacionar. Taxa por pessoa, mensal pelo combustível. Não existe risco de roubo porque o reconhecimento do tapete é feito pela digital dos pés. Responde à comandos de voz, e possui para-quedas. Produções Aladim: O Globo em guarani significa Aladim. Infelizmente o tapete não possui ar condicionado e não tem proteção em caso de chuva. Para o caso dos pés decapitados (que freqüentemente acontecem como conseqüência do desequilíbrio durante o vôo), a empresa oferece um pé mecânico. O preço, por pessoa, é de R$300mil e para os que não puderem pagar tem o “pequeno papelão voador”.
- Massageador de cabeça (Natália): “Octus Paroli” é um objeto que fornece segurança para as pessoas discursarem sobre qualquer assunto. Ele exige um pequeno procedimento cirúrgico para ser implantado na cabeça. Funciona através da bio-tecnologia: um pen drive transmite as informações de conhecimento desejadas para lactobacilos vivos que ficam nas pontas do objeto. Por isso sua tecnologia é extremamente natural, os lactobacilos são domesticados, e a informação é transmitida com segurança. “Octus Paroli” preenche o vazio do cotidiano apresneta soluções para testes, declarações de amor, palestras, entrevistas, conversas de bar, etc.
- Papel Higiênico (Elisa): um comunicador com os mortos. Funciona como um telefone. 

- Elisa/Bruna: “Elisa, que zona é essa?”, Bruna transforma Elisa numa vassoura com uma toalha, em seguida Elisa transforma Bruna numa garrafa de água.
- Clara/Fred: Uma apresentadora cheia de sorrisos recebe um E.T no seu programa, quando depois de um surto de dança contagiado pelo E.T descobre e anuncia uma invasão marciana na Terra.
- Cacá/ Natália: Book de uma E.T.

Ensaio 7 (01/10)

Jogo das imagens:
- a seriedade que a Natália imprimiu no texto que defendia a existência de vida extraterrestre inteligente, me remeteu à seriedade que a personagem astrônoma deve ter para defender suas idéias. Nos momentos que ela falava sozinha, imprimiu uma sensatez excessiva, como se tivesse provando até para si mesma de suas idéias. A personagem da astrônoma pode falar sozinha.
- as imagens de catástrofe criadas pelo Fred e pela Natália no exercício das imagens são ótimas para serem aplicadas no espaço em ruína do apartamento (no núcleo mãe e filha).
- muito boa a seqüência de imagens da Juliana com a Elisa. Relação mãe e filha se desenvolvendo. Forte a imagem da Elisa atrás da grade da cadeira (sugerindo aprisionamento). Texto da Juliana sugere uma descrição do espaço da cidade muito boa. A descrição pode ser uma boa ferramenta dramatúrgica. “majestoso manicômio”, “maior maldade mundial”...
- a dupla Clara e Bruna já é quase uma decisão da dramaturgia. As duas funcionam bem juntas e a Bruna é um elemento importante para o espaço da repartição pública (a figura riponga pode ser uma boa aposta para ser amiga da E.T). As imagens criadas pela dupla foram ótimas, o início de uma longa pesquisa.

Sistema proposto pelo Tomás. Situações em cima da repartição pública:
- Nat propõe uma coceira, fazendo uma relação com as pulgas que apareceram em outro jogo. A possibilidade dessa repartição ser infestada de pulgas é boa.
- Dinâmica de entra e sai. A informação vai se modificando.
- Ninguém tem nada para fazer. Fred “Você ta muito ocupada ai?”
- Nat “Trouxe coisas maravilhosas... para vender”. A ação de vender produtos pode estar associada à figura que a Bruna ta criando pra essa repartição.
- Dona da fábrica da “Minalba”
- Ninguém quer atender o Danilo no balcão. “Gente, o Danilo ta aí fora”.
- Preparação da festa de aniversário da E.T. Parabéns surpresa
- Ação da bruna de varrer o espaço se repete tentando preencher o vazio da falta do que fazer.
- Natália na porta reivindicando seus direitos como trabalhadora: “Eu não entro até meu salário cair”
- Demissão de funcionários
- Cacá de nariz de palhaço e pandeiro incitando um motim

Ensaio 8 (06/10)

Cena Cacá/Fred/Natália
- Corridinha da Cacá.
- Fred blasé fazendo Selfs.
- Fred e Natália – seção de fotos. “Vamos fingir que ta divertido...”. Forjam situações para tirar as fotos.
- Fred escova  os dentes na mesa e cospe no lixo
- Fred “O pior é escutar dos outros que não fazemos nada!”. Natália “Não consigo ficar em casa sem fazer nada.”.
- Natália – figura que se maquia o tempo todo para se sentir valorizada, arrumada. Maquia também a personagem E.T para tentar “ajudar”.
-a E.T fica passando eternamente o baton “É de que isso daqui? Bom né?!”
- Relação forte da Bruna com a vassoura
-a E.T repete gestos estranhos (como encher uma bexiga) em ritmo de meditação, como se desconhecesse ansiedade. Ou usa, de forma excessiva, vícios humanos como beber café, fumar cigarro, cheirar esmalte, apertar o grampeador... Acaba ficando alterada, quase doidona. Assopra a bexiga durante um tempão, até que cai de pressão baixa no final da cena.
- Papo de doença: “To com conjuntivite”, “To com suspeita de dengue”, “To sentindo arreiazinha no olho”, “Acho que tomar sal é bom”, “To destruída”...
- Fred e Natália, funcionários “parceiros”, escutam música e cantam juntos. Depois dançam no espaço enquanto conversam, jogam papo fora. Possibilidade de ter um aparelho de som nessa repartição.
- Fred e Natália jogam altinho com as bolas de aniversário murchas e se divertem.
- Plaquinha de avisos: “Pausa para yoga dos funcionários”; “O sistema caiu”, “Protocolo no guichê 05”; “Volte amanha! Obrigado.”
- Fred fala no celular.

Cena Clara/Elisa/Bruna:
- Bruna entra lenta, Poe sua digital na parede, se encosta, acende um cigarro e fica observando a fumaça. O cigarro passa pela Elisa durante a cena. Pode existir um cantinho do fumo.
- Situação de intriga entre os funcionários. Elisa e Bruna falam mal da Clara “A tal da Marly do RH”, quando a Clara aparece elas disfarçam. Essa situação pode acontecer com freqüência em relação a E.T, ela pode sofrer bullyng às escondidas.
- Bruna coloca a vassoura entre as pernas para limpar e parece uma bruxa que vai levantar vôo. Seu cabelo se confunde com a vassoura.
- Clara entra cheia de bolas escutando a gravação de voz da sua chefe, com uma serie de ordens a seguir “Marly, minha querida, por favor, não esquece de pegar as bolas antes de...”. Clara tipo secretária hiperativa que faz mil coisas. As bolas de aniversario podem estar murchas, porque são reutilizadas durante o ano para todos os aniversários da repartição.
- Clara suja a sala enquanto Bruna limpa
- Bruna “Suelen meu nome”
- Clara mostra o vídeo da filha, com orgulho, pelo celular.
- Elisa passa um batom vermelho pra sair do expediente “É pra não acharem que eu to morta”
- Muito boa a ação da Elisa de carimbar documentos.

Improvisação:
- Cacá muito animada “Sou a nova estagiária! Em que posso ajudar?”. Fred “Calando a boca”. Cacá ainda sorrindo “Também sou ótima nisso” (depois de um tempo) Cacá “Ainda nada pra eu fazer?”. Fred “O sistema sumiu, procura ele”. Cacá “Mas assim, você sabe por ondê eu posso começar”. Fred “Começa pelo primeiro andar” (Cacá sai)
- Fred junta a cadeiras para dormir
- Clara entra cheia de panos, bolsas com uma identidade na mão imersa no celular. Está tentando resolver um problema burocrático da vida. Às vezes põe no viva-voz  e é possível escutar a musica instrumental de espera.
- Núcleo central da cena muito bom, com dois contrapontos: Clara no celular (que às vezes fala paralelamente) e Bruna na vassoura.
- Falsidade da Nat e do Fred com a Clara. Clara cheia de sorrisos com nojo. Discussão mascarada. Fred “Marly uma pergunta, o que você ta fazendo aqui?”. Clara “Qual seu nome mesmo? Eu tinha um caseiro com esse nome.”. Fred “Eu conheci uma puta com seu nome. Marly!”... 

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