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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ROTEIRO LEITURA PÚBLICA NEBULOSA




- Entrada do público – Seqüência de imagens e jogos :
                REPARTIÇÃO - O público entra (música rolando): os atores já estão no jogo das mímicas, sem sair do cantinho do café.  O clima é rebordose de excesso de cigarro e café, quase é possível ver a fumaça no ar carregada de melancolia. O espaço é pequeno, e os funcionários se viciam para esquecer o tédio do dia-a-dia. - PAUSA LONGA SEM MÚSICA: O atores habitam toda a topografia da repartição dando continuidade ao jogo de deslocamentos e mímicas (Vai entrar uma música mais lenta dando seqüência a uma série de músicas que totalizam 9 minutos. Portanto o jogo vai ser curto, não precisam enrolar para preencher o tempo mas investir em todo o repertório do processo)
                COREOGRAFIA - Ainda na repartição vai entrar a música ”Rocket Man” e os atores devem continuar jogando (sem anunciar a mudança), até o momento da música que inaugura o início da coreografia. Nesse momento, os atores, começam a coreografia , virados para o público, de onde estiverem (A Nat precisa  ficar na frente).
                NÚCLEO - No final da coreografia todos rodam e vão se aproximando aos poucos para formar um núcleo. Os corpos se concentram no centro do espaço e consomem muita energia para a explosão que vem em seguida. A música vai terminar e o núcleo permanece concentrando energia.
                EXPLOSÃO - Na palma, os corpos explodem em câmera lenta.
                ESPAÇO – Os corpos continuam explodindo lentamente, até que uma música vai entrar. Quando apagar a luz,  todos estão no espaço (Vamos preencher as paredes com estrelas florescentes. Quando a luz apagar vai ser possível ver o contorno dos corpos). A dinâmica termina no fim da música, vou ascender a luz e vamos preparar a leitura.  

- Exposição do laboratório - No final das imagens, vou falar um pouco sobre o processo e a metodologia (Nesse momento vamos chegar as cadeiras que estão no fundo da sala para perto do público).

- Leitura do 1°ato – Vamos ler o texto corrido até a cena 7 (Tomás lendo as rubricas).

- Cena 7 + Imagens – No final da cena 6 (cena em que a Haley fala finalmente sobre o tema da sua palestra) a Elisa e a Ju vão se colocar no espaço enquanto Nat, Fred, Clara, Bruna e Cacá retornam (EM SILÊNCIO) todas as cadeiras para o fundo da sala, e sentam. Durante o monólogo da Estela (do meio pro fim), Nat, Fred, Clara, Bruna e Cacá formam, aos poucos, as elipses por volta da Elisa (as elipses precisam ser as mesmas do início ao fim, buscar uma harmonia entre elas). O diálogo entre a mulher do meteoro e a Estela acontece enquanto as elipses sobem gradativamente a velocidade (no final precisam estar correndo, cuidando para fazer o mínimo de barulho possível). No final da cena,  num pequeno monólogo da Ju, ela termina falando alto “O tempo parou”. Nesse momento todos os atores param e olham para o público. A Elisa fala de novo “O tempo parou” e todos começam a correr sem sair do lugar em direção ao público: como se um meteoro estivesse caindo em direção à Terra – NA PALMA- Todos caem no chão. (fim do primeiro ato)

- Leitura do 2°ato – Os atores voltam com as cadeiras para perto do público e lêem o segundo ato corrido.

- Conversa com o público

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Música que nosso amigo Elton compôs para nebulosa!


(*Colaboração da Nat)

Estela


(*Colaboração da Ju)

Hamlet


Cada homem não é apenas ele mesmo; é também um ponto único, singularíssimo, sempre importante e peculiar, no qual os fenômenos do mundo se cruzam daquela forma uma só vez e nunca mais.

Assim a história de cada homem é essencial, eterna e divina, e cada homem, ao viver em alguma parte e cumprir os ditames da Natureza, é algo maravilhoso e digno de toda atenção.

Herman Hesse ("Demian")



(*Colaboração da Mayara)

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

protocolo de existência

Para gerar o protocolo inicial é fundamental o carimbo preto em branco no branco. Nesse caso o preto é o bom. Após a liberação é estritamente necessário o retorno para a retirada da confirmação em vermelho, 'recebido', gerado em até três dias úteis, contados a partir do segundo para que então possamos conceder em azul o conferimento do primeiro terço do processo. Após 30 dias a confirmação efetiva do seu nome será gerada, sendo estritamente necessário o retorno para a finalização da etapa azul em caixa, seguido de depósito em DOC ou TED a depender da resultante somática em juros composto do seu personal blue progressive (PBD). Logo será estritamente necessário o retorno para a sinalização da urgência em vrim, vermelho, a fim de gerar a assinatura Tomás Braune em nove vias, sendo uma copiada para a oficialização do seu nome que ao fim do processo receberá o título de original. Sendo, é claro, estritamente necessário o retorno na qualidade de Tomás Braune definitivo ( TBD) para a finalização processual nominal do sei próprio sujeito. É bem simples.
Dois carimbos vermelhos equivalem a um azul ou meio preto.
Tal como três azuis e dois vermelhos totalizam em preto e nesse caso o preto é o bom.
Sem azul não há vermelho e consequentemente irracionaliza o preto, abonando a possibilidade da existência de quaisquer Tomás Braune, pretos, brancos ou pardos.
Espero que você seja feliz amanhã e sempre.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Eu morro ontem. Nasço amanhã. Ando onde há espaço: - Meu tempo é quando.

Perdido no espaço

Na sua frente, apenas a escuridão e estrelas muito distantes. Você não sente seu corpo, pois ele está muito leve. Seus olhos secos não conseguem acreditar no que está acontecendo e o ar já não existe.
Já imaginou ficar vários dias flutuando no espaço sem sofrer a ação da força da gravidade? 

Mesmo que possa parecer divertido, a ausência dessa força invisível que nos prende ao solo provoca várias transformações no organismo humano.A sensação de ter o corpo empurrado de um lado para outro dentro de uma espaçonave - dando a impressão de que a aeronave está se deslocando e os astronautas estão parados - é o primeiro efeito sentido por eles, quando chegam a um ambiente sem gravidade. Mas e por que isso ocorre? Na verdade, quando estamos submetidos à gravidade o tempo todo - como em nosso planeta -, nem percebemos a ação dessa força, pois a sensação de estarmos presos ao solo passa a ser automática. O corpo só sente essa força quando ela aumenta ou diminui.Alguns astronautas relatam que sentem inflar as veias do pescoço poucos minutos após saírem da atmosfera da Terra. Alguns sentidos - como o paladar e o olfato - também ficam alterados: os astronautas só conseguem sentir o sabor das comidas muito temperadas. Outras partes do corpo ainda são afetadas, como os pulmões. Na superfície terrestre, os níveis de oxigênio e de sangue nesse órgão são constantes; já no espaço, esses níveis se alteram.Em viagens mais longas, os astronautas têm ainda que enfrentar problemas psicológicos. Isso porque eles ficam limitados em um espaço limitado, isolados da vida normal da Terra e convivem com um grupo pequeno de companheiros, e normalmente  de outras nacionalidades. Essas mudanças podem provocar ansiedade, insônia, depressão, além de criar situações de tensão na equipe. Quando os astronautas retornam à Terra, novas mudanças ocorrem em seus corpos. Embora os efeitos da falta de gravidade sejam completamente reversíveis, o corpo tende a voltar ao normal só uma ou duas semanas depois do retorno. Muitos astronautas ficam desorientados e não conseguem manter o equilíbrio do corpo, além de apresentarem um enfraquecimento dos ossos, que podem se quebrar mais facilmente.

Considera-se que o vácuo seja a total ausência de matéria (visível ou invisível) em determinada região. Isso inclui os gases (como o oxigênio), que são responsáveis pela nossa sobrevivência. Logo, o vácuo não é seguro para quem está sem traje espacial. No primeiro momento, o oxigênio é expelido dos pulmões, fazendo com que a pessoa perca a consciência (por falta de oxigenação no cérebro) em cerca de 15 segundos. Depois disso, não demora mais do que dois minutos até que os órgãos parem de trabalhar e a pessoa venha a óbito. 


NASA diz, em seu site oficial, que em 1965 ocorreu uma experiência acidental com humanos no vácuo. Durante uma simulação, o traje de um astronauta (cujo nome não é divulgado) se rompeu. Ele ficou consciente por 14 segundos e em seguida desmaiou; logo em seguida, foi iniciada a despressurização do simulador e ele sobreviveu. Seguindo o relato, a NASA afirma que, quando recobrou a consciência, o astronauta disse ter ouvido o oxigênio saindo de seu corpo, assim como sentiu muita água em sua língua e a sensação de que ela estava fervendo.



Ontem um foguete da Nasa explodiu

Um foguete espacial americano de 40 metros (altura de um prédio de 40 andares) explodiu ontem, 6 segundos após o lançamento. Ele levava suprimentos (2.293 quilos de suprimentos, experimentos científicos e equipamentos, um aumento de 15% sobre a carga levada em missões anteriores) para a Estação Espacial Internacional (ISS). O veículo não era tripulado, de acordo com a NASA não houve feridos. Apesar disso, a NASA e a empresa contratada (Orbital Sciences) tiveram um prejuízo de bilhões de dólres. Parece que a Rússia continua liderando a conquista espacial. 

(http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/10/foguete-de-carga-da-nasa-explode-durante-lancamento.html)


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Composições em duplas e trio

Composições dia 20/10




Onde: Repartição pública
O quê: O caso da mulher do meteoro
- uma coreografia de ações banais
- uma trajetória individual para cada ator
- utilização de objetos
- um momento da Cacá sozinha
- um momento em que recebem a notícia do caso da mulher do meteoro
- utilizar os materiais criados nos ensaios passados como repertorio


Composição dia 22/10:



Onde: Apartamento
O quê: Um meteoro caiu
- um momento de diálogo e um momento de monólogo (cada uma falando consigo própria)
- pensar na questão apresentada pelo Tomás, do ponto de vista.
- materializar o espaço em ruína do apartamento
- utilizar objetos

- usar as 5 imagens criadas pelas duas, e as imagens do Fred e da Natália do ensaio do dia 01/10  

domingo, 12 de outubro de 2014

Composição Bruna

LUGAR 1

-olhar sobre a memória
-texto

"Nascia no mesmo dia que o Galileu Galilei. 15 de fevereiro. Aquarianos. Eu de 1993, ele de 1564. Fui em uma astróloga com a minha mãe aos 9 anos de idade e ela me disse que eu poderia" seruma grande cientista se eu quisesse. E até entrar na NASA. Disse que o meu mapa tinha "traços" do mapa do Galileu. Eu já era atriz na época e não me importei muito. "

ESPAÇO- Reduzido
TEMPO- Lento

OBEJTOS- Mala


LUGAR 2 -mudança

-partitura de ações cotidianas 

ESPAÇO- Amplo, mas reduzido aos espelhos. Focos.
TEMPO- "cotidiano"

MÚSICA- Bobgem- Céu

OBJETOS- 2 espelhos, lápis de olho, batom, base mais escura, pentes, calça verde quadriculada, vestido verde estampado, all star sandalia jeans, sobre-tudo preto, capa laranja, maleta.


LUGAR 3

-situação
-uma pessoa
-uma repetição
-espaço fictício definido

"Tudo é abstrato. A mala é abstrato, o carro é abstrato, a casa é abstrato, o tomate é abstrato, a comida é abstrato, o ar é abstrato, o sol é abstrato... 
A minha missão, além de ser Alzira, é de revelar a verdade, somente a verdade.
Amor é a lei. Amor sob vontade. 
Aqui. Aqui. Aqui aquiaqui é um depósito dos restos. às vezes descuido, as vezes resto. 
Eu sou a visão de cada um. De cada um dos astros negativos, e dos astros positivos.
OS ASTROS NEGATIVOS SUJAM O ESPAÇO.
Tudo é abstrato
Eu, Alzira, eu posso revelar, eu vou, sem repugnância, sem prevaleção, lúcido e oniciente, quem é deus. Com muito orgulho, com muita honrura o que significa deus. E outros mais. 
Eu já tive dó de jesus, hoje eu não tenho mais não. Eu ja tive dó dos escravos, hoje eu não tenho mais não. Eu já tive dó das putas, hoje eu nao tenho mais não. Eu já tive dó dos políticos,hoje eu nao tenho mais não  Eu já tive dó dos velhos, hoje eu nao tenho mais não Eu já tive dó dos espíritos, hoje eu nao tenho mais não Eu já tive dó dos comerciantes, hoje eu nao tenho mais não Eu já tive dó dos artistas, hoje eu nao tenho mais não Eu já tive dó dos pedofilos, hoje eu nao tenho mais não
HOJE EU NÃO TENHO MAIS NÃO.
((((Demonstração com Clara))))
(((((Escrever qualquer coisa no papel para revelar o que sobra e o que falta))))
Cês acham que eu sou feiticeira, já me chamaram de sangue de barata, de maria mae de jesus, de sangue de cazuza. ;eu sou feiticeira. Eu nao sou salafraria nem perversa nao, Eu sou ruim, MUITO RUIM, mas sem perversidade. Na cobrança.
Eu tenho o controle superior."

INSPIRAÇÕES- Helena Blavatsky, Aleister Crowley e Estamira. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Composição em letras

Música: Broken Beat  e Scarred- (Metálica)- Grito estérico externo. Luzes apagas, corpo nu com o globo nas mãos , apenas a lanterna iluminando a imagem. Movimento de rotação. O globo cai , a luz acende. Percepção do entorno, blusa do Mickey. Corrida no mesmo lugar, o barulho torna atordoante até as mãos chegarem nos ouvidos. Música para. Silêncio(não se sabe se só pra ela):
   - Eu sei que sinto porque rio e choro. 
Agarra o globo , girando em torno de si até o centro do espaço: 
   - 100 mil anos luz de diâmetro e rotação lenta. Todas elas , com seus braços mecanizados, giram em torno do meu centro. Eu só não sei onde termina e se termina. 
 Roda o globo batendo no peito, como efeito da gravidade, até esgarçar o movimento que vai ficando cada vez mais rápido. Pede silêncio. Coloca o globo sobre o laptop e rapidamente vai em direção ao lixo eletrônico (chuveirinho quebrado, fone de ouvido e teclado) enquanto fala , vai desmontando as letras do teclado:
      - A barata percorre fielmente a sua trajetória pela cozinha infinita, preenchendo todos os seus vazios de presente. Até o surgimento do grito, depois a vassoura esmagando-lhe por completo. Fim. Mania do mínimo de se assemelhar com o imenso. De repente fim. Chinelo, vassoura, inseticida , tsunami, furacão, meteoro. De repente fim. Mas hoje eu resolvi quebrar as regras, passei por debaixo de todas as escadas que avistei e quebrei os espelhos da minha casa, foi bonito, um bilhão de caquinhos pelo chão como estrelas cheias de gravidade. De repente fim.
    Joga os teclados pelo globo e corre para pegar o resto de lixo eletrônico, enquanto pega julga o quanto são importantes. Vira um aglomerado de coisas pelo corpo: Fios, teclados, carregadores, fones, relogio , bateria, cano,ect. O chuveirinho vira telefone:
   - Alô? Alô? Não...é engano. Mas a gente pode conversar!- Implora atenção , quer conseguir ouvir e ser ouvida. Não é bem sucedida na tentativa com o estranho. Desliga e começa a colocar os objetos sobre o globo:
   - De acordo com as leis da óptica, todo o telescópio astronômico produz uma imagem de cabeça para baixo e invertida, da esquerda para a direita. Uma lente extra introduzida na ocular, põe a imagem na posição correta. Essas lentes são muito caras e astronomicamente desnecessárias e é por isso que em muitas imagens astronômicas aparecem com a indicação "Sul " em cima. Você não entendeu nada ao ver a minha indicação escrita a caneta bem em cima da minha testa, esfregou-a evitando meus olhos que se contorciam desnorteados pela confusão dos seus gestos. Você arregala porque não quer ver. 
Partitura com o plástico. Sacode-os bruscamente e depois de formado um aglomerado de plásticos sobre uma das mãos, pede socorro avisando com o corpo. Movimentos leves , brinca com eles de big- bang. Todos caem sobre o globo. Pega o fone rosa e introduz sobre o globo:
  - Alô? Eu tô aqui, olhando pro passado. Alo? Eu tô aqui. Aqui na via láctea, dentro do sistema solar no planeta azul próximo ao vermelho. Eu tô aqui no amontoado de lixo, onde as coisas caem e permanecem. Permanecem. Permanecem. Eu ando permanecendo aqui feito plástico. Eu ando permanecendo aqui onde as pessoas fazem primeira comunhão e são felizes somente em dezembro.Eu ando permanecendo aqui na espera que alguém me busque ou jorrem de uma vez o inseticida. - Roda em torno do globo, cheio lixo eletrônico e sacolas plásticas. Está ligada pela terra pelo fone cor de rosa:
   - Esse pensamento é grande demais pra minha cabeça pequena. - Roda.

Fim.


referencias da composição












http://hemisphericinstitute.org/hemi/en/enc13-performances/item/2006-enc13-bamuthi-spoken-world

(veja o video)



exercicio de improviso.

coloco aqui a nossa experiência com os improvisos dos texto!!

Pega um elefante tenta colocar ele em uma caixa.
se não couber corte ele em pedacinhos e tente colocar ele em uma caixa de fosforo.
A gente lembra das coisas, porque nos esquecemos das coisas. A lembrança só existe porque existe esquecimento. A memória é como um buraco negro que engole tudo!
Sua memória pequena e seletiva que engole tudo que não te serve... e fim. fim?
Não... você tem um centro, de ego... seu umbigo, seu buraco negro que engole tudo.
essa barriga cheia de choop duplo que vc compra toda quinta feira no RIO SUL.
Você pequeno nessa cidade tão grande, te comendo, te consumindo até a alma,
você, sem pespectiva, tenta perceber as coisas mais a cidade não deixa.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Reunião de dramaturgia (02/10)

- A dramaturgia se desenvolverá a partir de três núcleos: O apartamento com a relação mãe e filha; o da repartição pública com seus funcionários; o da astrônoma que possivelmente não se definirá em local. Vou conduzir os ensaios seguintes a partir das duas propostas de espaço (Apartamento e repartição púbica).

- Montagem e desmontagem – pode estar presente nos dois espaços fictícios: Algo quebra na repartição (tipo o sistema caiu) e os funcionários abrem um objeto inteiro para tentar identificá-lo (como um computador); A filha autista desenvolve uma relação de desmontagem com os objetos consumidos pela mãe, quando o meteoro cai e ela passa a dar atenção exclusiva para ele. Até que a mulher do meteoro vá parar na repartição pública, o que liga as duas histórias pode ser essa noção de montagem/desmontagem.

- Alguns assuntos como consumo, lixo, corrupção, dinheiro, desenvolvimento tecnológico estão inquietando o Tomás. Ele sugeriu que a mulher do meteoro pode produzir muito lixo (principalmente tecnológico) e ir sujando o placo ao longo da peça, a filha desmonta os objetos largados pela mãe. O lixo pode permanecer acumulando ao longo das cenas transitando em espaços diferentes da ficção (ex. um lixo é jogado pela mãe durante uma cena no apartamento e varrido pela personagem da Bruna na repartição). Dando a entender que no final das contas estamos dividindo o mesmo espaço, mínimo diante o tamanho do universo.

- Vamos enxugar as composições de acordo com as necessidades. Não precisamos de mais uma composição individual porque não é interessante para o Tomás que os atores fechem um personagem logo. Vamos propor possibilidades e o Tomás vai definindo ao longo da produção do texto, em função do rumo da história. O Tomás me perguntou se eu vejo problema em ter mais personagens que atores, adorei a idéia. Pensamos que o Fred, Clara e Bruna (que ainda não têm personagens) podem transitar pela história (apenas possibilidades levantadas). Faremos a próxima composição em duplas e um trio. Para a dupla Elisa+Juliana, e o trio Clara+Bruna+Cacá vamos aprofundar os espaços e as situações já definidas na dramaturgia. Para desenvolver o núcleo da história da astrônoma (o mais indefinido em ação) e também a possibilidade dos atores transitarem entre personagens, decidi juntar o Fred com a Natália na composição. O Fred é um ator com olhar encenador, ele pode ajudar a Natália a desenvolver a idéia da personagem em movimento. Tomás sugeriu de o Fred assumir uma posição de autoridade para confrontar as opiniões da personagem da Natália. O embate de idéias vai ser a base da composição.

- Em relação à estrutura da dramaturgia conversamos sobre várias possibilidades: desenvolver um diálogo entre mãe e filha que intercala fala e pensamento (até eu o momento em que se misturam), representando a incomunicabilidade da relação. Essa estrutura pode ser levantada em jogo, e pedirei como regra para a segunda composição da Juliana com a Elisa; outra idéia do Tomás é começar a peça na repartição, dentro da previsibilidade humana, para depois abrir para o universo, os absurdos da vida (o meteoro que cai e a astrônoma que capta sinais de E.Ts).

- É possível que a personagem da Cacá, funcionária pública, não se apresente como uma E.T no início da peça. Exercendo apenas um olhar extra cotidiano sobre a repartição. O ambiente urbano pode estar contido nessa repartição: trajetórias individuais, diálogos entrecortados, simultaneidade, gestos, vícios, hábitos... Tomás me apresentou uma idéia linda, da funcionária E.T começar a peça sozinha, executando uma trajetória, de forma esquisita quase mecânica, de gestos, ações, movimentos que são repetidos inúmeras vezes nessa repartição.

- Outra aposta para os próximos ensaios vai ser o trabalho com objetos. No final das primeiras composições individuais vou passar as regras das novas composições, e pedir para os atores fazerem uma seleção de objetos para o ensaio do dia 13/10. A seleção de objetos deverá ser pensada em função da repartição pública, e do apartamento (que inclui o lixo tecnológico consumido pela mãe).


- Eu e Tomás combinamos que no ensaio do dia 27/10, ele vai levar um material dramatúrgico para lermos juntos (escolhemos o dia que todos os atores estarão presentes). A partir dai jogaremos com textos, fragmentos, situações, diálogos trazidos por ele. 

Anotações do meu caderno

Ensaio 4 (22/09)

Cacá – fora
Elisa – pulsação
Clara – círculo
Fred – deformação
Bruna – ponto de vista

Algumas observações individuais:
- Relação da Cacá com os membros do corpo (meio réptil)
- Qualidade corporal interessante da Bruna, de indefinição: quase levantar, quase andar... Peso da gravidade criando uma densidade quase psicológica para a forma: associei à depressão, preguiça, ócio, imobilidade, lentidão, languidez. Uso de apoios e posições exóticas.
- Clara demonstrou desde o primeiro ensaio uma relação forte com o chão: metade do corpo do não outra metade fora.
- Bruna e Clara bateram os corpos e caíram ao mesmo tempo (ótimo momento de grade)
- Fred repetiu várias vezes um gesto habitual espontâneo de botar a mão no rosto. Esses gestos cotidianos são interessantes para a pesquisa. Possibilidade de desenvolver um cansaço constante que vai crescendo com o decorrer do tempo (o gesto cotidiano que cresce até tornar extra cotidiano).

- Elisa tende ao centro do espaço e assume um ritmo diferente do resto do grupo, prioriza a lentidão. Força que saí do umbigo.

Ensaio 5 (24/09)

Cena 1 (Cacá, Bruna e Juliana) – trajetórias individuas ou órbitas planetárias que se encontram. Pessoas aglomeradas num ônibus.
Cena 2 (Clara e Elisa) – O fim do mundo acaba e só sobram 2 pessoas. “O fim ta se aproximando”, “Acabou!”, “Você tá me dizendo que a gente sobrou?” – inúmeras situações: tentam ter um filho, fumam maconha para acalmar

Alguns apontamentos individuais:
- Juliana – cigarro/ andada impulsionada pelo quadril, com o rosto baixo/ andada de um lado para o outro (trajetórias repetitivas e circulares)/ “Isso é bobagem”/ “Blasfêmia”/ “Você devia ter vergonha”/ estado de perplexidade/ produzir lixo durante a peça, sujar o palco/ personagem crente (associação religião com capitalismo)
- Caca – se colocar em buracos ou lugares inusitados/ rir de coisas ordinárias (como a tosse)/ andar de lado/ “Tá tudo caindo!” (listar o que caiu)/ “E qual é a vantagem?”
- Clara – vício de dançar – indústria do entretenimento (“preciso me divertir!”)/ Frenética e urbana “Cidade, cidade, cidade...”/ Tom de reclamação, pessimismo, denúncia.
- Elisa – posições estranhas, inusitadas mas demonstrando conforto, nova maneira de se portar no espaço/ “Mas o que fica? Se acabar vai ficar alguma coisa, não?”/ matriz “Você acredita em...?”
- Bruna – figura exotérica, riponga/ corpo mole e lânguido/ posições inusitadas exigindo alongamento 

Ensaio 6 (29/09)

Gestos:
- apertar um botão
- soltar o joelho
- passar a mão no rosto
- ombrinhos
- quebrada do quadril
- rotação do joelho 

- Vassoura (Cacá): “a pequena floresta de piolhos” foi criada por causa do massacre que os piolhos estão sofrendo, é um abrigo para piolhos. A empresa aceita doações de piolhos e estão desenvolvendo um pedigree. É preciso dialogar com os piolhos. Os piolhos sofrem um preconceito, frases cotidianas com idéias pejorativas como “vai pela cabeça dos outros”. Política de proibição dos shampoos anti-piolho.
- Jornal (Fred): Novas tecnologias “O Globo”, nada mais é que o transporte para o futuro. “O grande tapete voador” é a solução para o transito e a falta de lugares para estacionar. Taxa por pessoa, mensal pelo combustível. Não existe risco de roubo porque o reconhecimento do tapete é feito pela digital dos pés. Responde à comandos de voz, e possui para-quedas. Produções Aladim: O Globo em guarani significa Aladim. Infelizmente o tapete não possui ar condicionado e não tem proteção em caso de chuva. Para o caso dos pés decapitados (que freqüentemente acontecem como conseqüência do desequilíbrio durante o vôo), a empresa oferece um pé mecânico. O preço, por pessoa, é de R$300mil e para os que não puderem pagar tem o “pequeno papelão voador”.
- Massageador de cabeça (Natália): “Octus Paroli” é um objeto que fornece segurança para as pessoas discursarem sobre qualquer assunto. Ele exige um pequeno procedimento cirúrgico para ser implantado na cabeça. Funciona através da bio-tecnologia: um pen drive transmite as informações de conhecimento desejadas para lactobacilos vivos que ficam nas pontas do objeto. Por isso sua tecnologia é extremamente natural, os lactobacilos são domesticados, e a informação é transmitida com segurança. “Octus Paroli” preenche o vazio do cotidiano apresneta soluções para testes, declarações de amor, palestras, entrevistas, conversas de bar, etc.
- Papel Higiênico (Elisa): um comunicador com os mortos. Funciona como um telefone. 

- Elisa/Bruna: “Elisa, que zona é essa?”, Bruna transforma Elisa numa vassoura com uma toalha, em seguida Elisa transforma Bruna numa garrafa de água.
- Clara/Fred: Uma apresentadora cheia de sorrisos recebe um E.T no seu programa, quando depois de um surto de dança contagiado pelo E.T descobre e anuncia uma invasão marciana na Terra.
- Cacá/ Natália: Book de uma E.T.

Ensaio 7 (01/10)

Jogo das imagens:
- a seriedade que a Natália imprimiu no texto que defendia a existência de vida extraterrestre inteligente, me remeteu à seriedade que a personagem astrônoma deve ter para defender suas idéias. Nos momentos que ela falava sozinha, imprimiu uma sensatez excessiva, como se tivesse provando até para si mesma de suas idéias. A personagem da astrônoma pode falar sozinha.
- as imagens de catástrofe criadas pelo Fred e pela Natália no exercício das imagens são ótimas para serem aplicadas no espaço em ruína do apartamento (no núcleo mãe e filha).
- muito boa a seqüência de imagens da Juliana com a Elisa. Relação mãe e filha se desenvolvendo. Forte a imagem da Elisa atrás da grade da cadeira (sugerindo aprisionamento). Texto da Juliana sugere uma descrição do espaço da cidade muito boa. A descrição pode ser uma boa ferramenta dramatúrgica. “majestoso manicômio”, “maior maldade mundial”...
- a dupla Clara e Bruna já é quase uma decisão da dramaturgia. As duas funcionam bem juntas e a Bruna é um elemento importante para o espaço da repartição pública (a figura riponga pode ser uma boa aposta para ser amiga da E.T). As imagens criadas pela dupla foram ótimas, o início de uma longa pesquisa.

Sistema proposto pelo Tomás. Situações em cima da repartição pública:
- Nat propõe uma coceira, fazendo uma relação com as pulgas que apareceram em outro jogo. A possibilidade dessa repartição ser infestada de pulgas é boa.
- Dinâmica de entra e sai. A informação vai se modificando.
- Ninguém tem nada para fazer. Fred “Você ta muito ocupada ai?”
- Nat “Trouxe coisas maravilhosas... para vender”. A ação de vender produtos pode estar associada à figura que a Bruna ta criando pra essa repartição.
- Dona da fábrica da “Minalba”
- Ninguém quer atender o Danilo no balcão. “Gente, o Danilo ta aí fora”.
- Preparação da festa de aniversário da E.T. Parabéns surpresa
- Ação da bruna de varrer o espaço se repete tentando preencher o vazio da falta do que fazer.
- Natália na porta reivindicando seus direitos como trabalhadora: “Eu não entro até meu salário cair”
- Demissão de funcionários
- Cacá de nariz de palhaço e pandeiro incitando um motim

Ensaio 8 (06/10)

Cena Cacá/Fred/Natália
- Corridinha da Cacá.
- Fred blasé fazendo Selfs.
- Fred e Natália – seção de fotos. “Vamos fingir que ta divertido...”. Forjam situações para tirar as fotos.
- Fred escova  os dentes na mesa e cospe no lixo
- Fred “O pior é escutar dos outros que não fazemos nada!”. Natália “Não consigo ficar em casa sem fazer nada.”.
- Natália – figura que se maquia o tempo todo para se sentir valorizada, arrumada. Maquia também a personagem E.T para tentar “ajudar”.
-a E.T fica passando eternamente o baton “É de que isso daqui? Bom né?!”
- Relação forte da Bruna com a vassoura
-a E.T repete gestos estranhos (como encher uma bexiga) em ritmo de meditação, como se desconhecesse ansiedade. Ou usa, de forma excessiva, vícios humanos como beber café, fumar cigarro, cheirar esmalte, apertar o grampeador... Acaba ficando alterada, quase doidona. Assopra a bexiga durante um tempão, até que cai de pressão baixa no final da cena.
- Papo de doença: “To com conjuntivite”, “To com suspeita de dengue”, “To sentindo arreiazinha no olho”, “Acho que tomar sal é bom”, “To destruída”...
- Fred e Natália, funcionários “parceiros”, escutam música e cantam juntos. Depois dançam no espaço enquanto conversam, jogam papo fora. Possibilidade de ter um aparelho de som nessa repartição.
- Fred e Natália jogam altinho com as bolas de aniversário murchas e se divertem.
- Plaquinha de avisos: “Pausa para yoga dos funcionários”; “O sistema caiu”, “Protocolo no guichê 05”; “Volte amanha! Obrigado.”
- Fred fala no celular.

Cena Clara/Elisa/Bruna:
- Bruna entra lenta, Poe sua digital na parede, se encosta, acende um cigarro e fica observando a fumaça. O cigarro passa pela Elisa durante a cena. Pode existir um cantinho do fumo.
- Situação de intriga entre os funcionários. Elisa e Bruna falam mal da Clara “A tal da Marly do RH”, quando a Clara aparece elas disfarçam. Essa situação pode acontecer com freqüência em relação a E.T, ela pode sofrer bullyng às escondidas.
- Bruna coloca a vassoura entre as pernas para limpar e parece uma bruxa que vai levantar vôo. Seu cabelo se confunde com a vassoura.
- Clara entra cheia de bolas escutando a gravação de voz da sua chefe, com uma serie de ordens a seguir “Marly, minha querida, por favor, não esquece de pegar as bolas antes de...”. Clara tipo secretária hiperativa que faz mil coisas. As bolas de aniversario podem estar murchas, porque são reutilizadas durante o ano para todos os aniversários da repartição.
- Clara suja a sala enquanto Bruna limpa
- Bruna “Suelen meu nome”
- Clara mostra o vídeo da filha, com orgulho, pelo celular.
- Elisa passa um batom vermelho pra sair do expediente “É pra não acharem que eu to morta”
- Muito boa a ação da Elisa de carimbar documentos.

Improvisação:
- Cacá muito animada “Sou a nova estagiária! Em que posso ajudar?”. Fred “Calando a boca”. Cacá ainda sorrindo “Também sou ótima nisso” (depois de um tempo) Cacá “Ainda nada pra eu fazer?”. Fred “O sistema sumiu, procura ele”. Cacá “Mas assim, você sabe por ondê eu posso começar”. Fred “Começa pelo primeiro andar” (Cacá sai)
- Fred junta a cadeiras para dormir
- Clara entra cheia de panos, bolsas com uma identidade na mão imersa no celular. Está tentando resolver um problema burocrático da vida. Às vezes põe no viva-voz  e é possível escutar a musica instrumental de espera.
- Núcleo central da cena muito bom, com dois contrapontos: Clara no celular (que às vezes fala paralelamente) e Bruna na vassoura.
- Falsidade da Nat e do Fred com a Clara. Clara cheia de sorrisos com nojo. Discussão mascarada. Fred “Marly uma pergunta, o que você ta fazendo aqui?”. Clara “Qual seu nome mesmo? Eu tinha um caseiro com esse nome.”. Fred “Eu conheci uma puta com seu nome. Marly!”... 

No cantinho do café

Fred – Essa informação que eu vou dar é altamente sigilosa, ta? Se vazar, a bolsa despenca, o dólar dispara, o país entra em crise, as forças aradas entram em prontidão. Pode... como se diz? Desestabilizar a democracia...
(Fred sussurra a informação sigilosa)
Clara – Só isso?
Fred – Como só isso? Uma praga de pulgas que devora a plantação de cana, nosso principal produto de exportação.
Clara – Ta, tudo certo. Mas o que que isso tem a ver?
Fred – Você ta maluca? Você ta maluca? As pulgas devoram as plantações de soja, concordamos até ai. O saldo comercial é atingido, certo? O governo precisa fazer cortes... Então?
Clara – Esse mistério todo só por causa de umas pulgas.
Fred – Você não entendeu...
Bruna – Claro que a gente entendeu.
Cacá – Pera aí, deixa eu entender. Pulga é aquele pontinho preto que pula e coça?
Fred – Isso! Você viu como ela começou a pensar?
Cacá – Ahhh

Fred – Ahhh. Tá vendo, vocês ficam dizendo que ela é lenta.

(Diálogo adaptado, retirado da série "Os Aspones")

domingo, 5 de outubro de 2014

Trajetória do aqui.

      100 mil anos luz de diâmetro e rotação lenta. Todas elas, com braços mecanizados, giram em torno do meu centro. É que eu não sei onde termina, e se termina. Sei que tenho meios de um fim. A barata percorre fielmente a sua trajetória pela cozinha infinita, preenchendo seus vazios de presentes, até o surgimento do grito respectivamente com a vassoura no chão, esmagando-lhe por completo. Fim. Todas as baratas tem como pré-requisito, antes de morrer, o grito externo. As vassouras, chinelos e inseticidas estão para elas, como os meteoros, tsunamis e catástrofes estão para nós. De repente fim. O corpo de fora mudando trajetórias. Seriam os meteoros reles poeiras dos gigantes ? O fora, do fora, do fora sempre está dento de alguma percepção. Mania do mínimo de se assemelhar com o imenso. "Saia daí menina, vai pegar sereno!" Volto pro dentro e fecho a janela. Só que o lado de fora de todas as janelas não saem de mim. Elas são as culpadas de anular o sentido de qualquer ação. Aí está o cômico do trágico e a tristeza das manifestações alegres, tão cheias de barulho. Fora que sempre não me permite acompanhar do que se fala, e sim, expressões do que, de fato, querem dizer. Ela não entendeu o filme, acha legal entender, e suas lágrimas saíram pelo efeito que isso causa em quem está em volta. Ele não sentiu a musica, queria sexo. Também não sentiu saudades, só veio porque todo mundo tem mãe e é preciso visitá-la , de vez em quando, para ganhar o título do bom filho e dizer que o cheiro da sua comida é insubstituível , anulando o fedor das mágoas da infância. Hoje eu resolvi quebrar as regras: Passei por debaixo de todas as escadas que pude avistar e derrubei  propositalmente os espelhos da minha casa. Um bilhão de caquinhos no chão, como estrelas preenchidas de gravidade. Essa é a única maneira de me manifestar contra esse fora, imenso, que nos observa com a vassoura nas  mãos:
                 - Ei, tô aqui!
                 - Aqui?
                 - Aqui na via láctea, dentro do sistema solar, num planeta azul próximo ao vermelho. Aqui, no amontoado de lixo, onde as coisas caem no chão e permanecem. Permanecem. Permanecem. Eu ando permanecendo aqui, reinventando trajetórias pra me distrair. Aqui, onde se cultivam dialetos mas não se escutam e o individual se encontra com o coletivo apenas por acaso. Ando permanecendo aqui, na espera de alguém me buscar ou jorrar de uma vez o inseticida.
             

TUDO AQUILO QUE EU NÃO DISSE

Arregalar não é ver. Como consequência natural das leis da óptica, todos os telescópios astronômicos produzem uma imagem de cabeça para baixo e invertida, da esquerda para a direita. Para reproduzir a visão habitual, como acontece com os binóculos e miras terrestres, uma lente, extra, introduzida na ocular põe a imagem na posição correta. Essa lente encarece o instrumento e absorve alguma luz. Para fins astronômicos ela é dispensada por ser totalmente desnecessária. É por isso que muitas imagens astronômicas aparecem com a indicação "sul" no alto. Você não entendeu nada ao ver a minha indicação escrita a caneta por cima da testa. Esfregou-a evitando olhar para meus olhos, que se contorciam , desnorteados pela rapidez do seu gesto. Você arregala porque não quer ver.

sábado, 4 de outubro de 2014

Cair em si.

Vai cair. Tudo e sempre. Existir é necessariamente estar em constante movimento de queda. Qualquer ascenção é ilusória. Somos dilúvio desde o princípio. Chovemos até hoje nadando em mentiras positivistas. Deus, a bola de cristal, o infinito, o equilíbrio, a inércia, a crença, a posse, a eternidade anestésica e todas as demais fugas com o fim de amortecer o esborrachamento mundial. Expandir nada mais é do que cair pra todos os lados. Há cada centésimo de segundo luz cai uma estrela, um homem ao mar, os peitos de mais uma senhora, o filhote que aprende a andar ou o velho que desaprende, lágrimas de crocodilos e mães, meteoros em apartamentos, lixo espacial, hospitalar e residencial pelas lixeiras dos prédios ou vielas dos morros, a bolsa de valores e de madames do jardim Pernambuco, Dentes de crianças entre 5 e 7 anos de idade, de leite, de marfim, de alho, de ouro, obturados ou não. Caí em mim disso tudo e senti vontade de pular pra agilizar o processo. Acendi um cigarro pra pensar mas a mulher do meteoro foi mais clara e ganhou o posto do vício. Restou-me a porta a balançar barulhenta quando tocada pelos meus pés. Imagina o barulho se toda essa engenhoca caísse agora. Sabe qual seria a vantagem? Nada. Ou a inauguração dele. A reinauguração talvez. Quer ver?... Um, dois, três. BUUUUM!

Parabéns

Diz-se do ensejo comemorativo referente a um ou mais anos de determinado acontecimento.
Ou
Espaço de tempo entre o amanhecer e o por do sol relativo ao que  completa mais um ano de vida. Neste caso lembranças ou dádivas são oferecidas como sinal de apreciação.

"Parabéns por esse dia tão especial, muita alegria, paz e harmonia. Que todos os seus desejos se realizem, pois você merece. "

"A vida é um milhão de novos começos movidos pelo desafio sempre novo de viver e fazer todo sonho brilhar."

Te desejo muito amor, felicidade, saúde e sucesso!

Que nesse dia todas as alegrias do mundo sejam suas. Continue sendo essa pessoa maravilhosa.

Hoje devia ser feriado nacional. Pois nem sempre no mundo nascem pessoas como você.

Pelo menos nesta data querida seja feliz.

Trecho retirado do livro 'CONTATO'

Havia no universo outros seres inteligentes. Poderíamos nOs comunicar com eles. Eram provavelmente mais antigos do que nós; possivelmente, mais sábios. Estavam a nos enviar bibliotecas inteiras de informações complexas. Verificava-se uma expectativa generalizada de iminente revelação de ordem secular. Por isso, especialistas de todas as áreas começavam a se preocupar. Os matemáticos temiam ter deixado de fazer descobertas elementares. Líderes religioso receavam que os valores extraterrestres, por mais exóticos que fossem, ganhassem facilmente adeptos, sobretudo entre os jovens sem instrução. Astrônomos afligiam-se com a possibilidade de terem interpretado erroneamente dados fundamentais sobre as estrelas próximas. Políticos e chefes de Estado temiam que outros sistemas, alguns radicalmente diferentes dos que existiam na Terra, pudessem ser adotados por uma civilização superior. Tudo quanto os extraterrestres sabiam não fora influenciado por instituições peculiarmente humanas, ou pela história ou biologia dos homens. E se grande parte do que aceitamos como verdadeiro fosse um erro de interpretação?

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

cabeça ovo

Esse pensamento é grande demais para uma cabeça pequena como a minha.
Essa cabeça é pequena demais pra um pensamento grande como esse.
Não cabe. Nem tudo cabe, nem tudo vai caber sempre.
Eu não quero saber.
Minha cabeça é um ovo de galinha caipira. E a de vocês: um ovo.
De cordorna.
Você vão sumir nessa pequinez. Implodir.
Esse ovo é pequeno demais pra uma cabeça tão grande como a minha.


((é o pouco que eu lembro, e mais um pouco))

mais fogo na panela



Lady Macbeth
William Shakespeare

Gato malhado já miou três vezes.
Atirai no caldeirão entranhas em podridão. Os sapos das pedras frias que durante trinta e um dias suaram seu bom bocado, jogai no pote encantado.
Mais dores para a barrela. mais fogo para a panela.
pé de sapo e lagartixa, de cão a língua que espicha, pêlos brandos de morcego, asa de bufo-sossego,
Mais dores para a barrela, mais fogo para a panela.
Três escamas de dragão, com bucho de tubarão que os mareantes intimida; o dedinho de uma criança sem linho que matado a mãe houvesse sem dizer nenhuma prece. Deixai bem forte a mistura; juntai do tigre a fressura, porque nosso caldeirão tenha caldo em profusão.

Mais dores para a barrela, mais fogo para a panela.