Como deve saber, não foi a teoria heliocêntrica que causou a condenação de Galileu Galilei. Copérnico já havia dito que a terra girava em torno do sol e a igreja não se importou. O que provocou a ira papal foi o humor.
Para defender o heliocentrismo, Galileu criou um diálogo fictício entre um personagem sábio, Salviati, e um personagem imbecil, Simplício. O sábio acreditava que a terra girava em torno do sol e o imbecil achava o contrário. O livro foi um sucesso retumbante. E a Igreja vestiu a carapuça do imbecil. Galileu foi obrigado a negar tudo o que havia dito para escapar da fogueira. Negou e ainda assim foi condenado à prisão perpétua.
Giordano Bruno , contemporâneo de Galileu, acreditava que o universo era infinito. Negou-se a se negar. Foi queimado vivo.
(Carta de Gregório Duvivier em resposta ao bispo que criticou um vídeo do "Porta dos Fundos" - link: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2014/01/1396869-pessimo-mau-gosto.shtml)
Sobre a obra de Galileu "Diálogo sobre os dois maiores sistemas do mundo"
Por várias vezes, colocou a obra de lado, talvez inseguro quanto à solidez do apoio papal. Porém, pressionado por seus numerosos amigos e discípulos, acabou finalizando a obra que o levaria a um novo e dramático confronto com a Inquisição: o Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo (Diálogo sobre os dois maiores sistemas do mundo), no qual compara os modelos de Copérnico e Ptolomeu. A obra foi concluída em 1630, mas só obteve licença para publicação em 1632. Ela se apresenta na forma de um diálogo entre três personagens: Salviati, um cientista brilhante, que encarna o próprio Galileu; Sagredo, um homem prático e inteligente, que desempenha o papel de mediador; e Simplício, um simpático porém ingênuo defensor de Aristóteles e Ptolomeu. As conversações desenvolvem-se em quatro jornadas, realizadas no palácio de Sagredo, em Veneza.
Há nelas momentos brilhantes, como a crítica à idéia da diferente composição material da Terra e do céu. Ou a refutação do argumento de que, caso a Terra se movesse, qualquer coisa que não estivesse firmemente atada a ela seria deixada para trás. Mas, apesar desses pontos altos, o Dialogo é mais uma obra de popularização do que um tratado científico.
Há nelas momentos brilhantes, como a crítica à idéia da diferente composição material da Terra e do céu. Ou a refutação do argumento de que, caso a Terra se movesse, qualquer coisa que não estivesse firmemente atada a ela seria deixada para trás. Mas, apesar desses pontos altos, o Dialogo é mais uma obra de popularização do que um tratado científico.
Galileu não oferece nele nenhuma prova conclusiva a favor de Copérnico. E, para atingir o público leigo, apresenta uma versão extremamente simplificada da teoria copernicana. Desconsiderando a reforma do sistema heliocêntrico realizada por Kepler (leia quadro), ele descreve um modelo no qual a Terra e todos os planetas se movem em redor do Sol, em trajetórias circulares e com velocidades constantes. E omite todos os artifícios matemáticos que Copérnico foi obrigado a utilizar para ajustar essa concepção ideal às observações astronômicas reais.
De qualquer forma, não foi por seus aspectos científicos que o Dialogo caiu nas garras afiadas da Inquisição. Mas por uma questão política, ou, mais precisamente, de natureza pessoal. É que, ao final do debate, Galileu introduziu, numa fala de Simplício, uma frase do próprio Urbano VIII. Quando encorajou o cientista a apresentar o sistema copernicano, o papa afirmou que o fato de uma hipótese explicar bem certos fenômenos não significava que ela fosse necessariamente verdadeira, porque Deus podia muito bem ter produzido os mesmos fenômenos por meios totalmente diferentes e incompreensíveis para a mente humana. Sem citar nominalmente o papa, Simplício afirma que esse argumento provinha "da mais eminente e douta pessoa, diante da qual era preciso cair em silêncio". Ao que os outros dois debatedores imediatamente se declaram silenciados por "essa admirável e angélica doutrina".
A ironia passou despercebida pelos olhos do censor eclesiástico. Mas Urbano VIII ficou uma fera ao tomar nas mãos o livro impresso e reconhecer suas palavras na boca do tolo Simplício. Mais do que qualquer argumento a favor de Copérnico, foi essa irreverência de Galileu que causou sua perdição. A venda do Dialogo foi imediatamente suspensa e o cientista intimado a comparecer perante a Inquisição. Pouco valeu, desta vez, a intervenção dos amigos. E, graças à equivocada polêmica com Grassi, ele já não contava mais com o decisivo apoio dos jesuítas. Idoso e doente, foi obrigado a viajar a Roma. Ao final dos interrogatórios, foi considerado "veementemente suspeito de heresia". E, no dia 22 de junho de 1633, vestindo trajes de penitência, de joelhos e com a mão sobre a Bíblia, teve que recitar, perante o tribunal, a horrível fórmula da abjuração: "Abjuro, maldigo e detesto os citados erros e heresias...". Numa insuportável manifestação de arrogância, a Igreja humilhava o homem e se atribuía o direito de decidir o que a ciência podia ou não dizer.
A ironia passou despercebida pelos olhos do censor eclesiástico. Mas Urbano VIII ficou uma fera ao tomar nas mãos o livro impresso e reconhecer suas palavras na boca do tolo Simplício. Mais do que qualquer argumento a favor de Copérnico, foi essa irreverência de Galileu que causou sua perdição. A venda do Dialogo foi imediatamente suspensa e o cientista intimado a comparecer perante a Inquisição. Pouco valeu, desta vez, a intervenção dos amigos. E, graças à equivocada polêmica com Grassi, ele já não contava mais com o decisivo apoio dos jesuítas. Idoso e doente, foi obrigado a viajar a Roma. Ao final dos interrogatórios, foi considerado "veementemente suspeito de heresia". E, no dia 22 de junho de 1633, vestindo trajes de penitência, de joelhos e com a mão sobre a Bíblia, teve que recitar, perante o tribunal, a horrível fórmula da abjuração: "Abjuro, maldigo e detesto os citados erros e heresias...". Numa insuportável manifestação de arrogância, a Igreja humilhava o homem e se atribuía o direito de decidir o que a ciência podia ou não dizer.
Droga, não achei o diálogo na internet! Onde será que podemos encontrar ele?
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