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terça-feira, 30 de setembro de 2014
domingo, 28 de setembro de 2014
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Poeira das estrelas
Se existe algo que a ciência
ensina, é a humildade: humildade de perceber quanto somos pequenos perante a
vastidão cósmica, que vivemos neste modesto planeta aquoso que gira em torno de
uma estrela pouco relevante em meio a 100 bilhões de outras na Via Láctea. Não
somos o centro do cosmo, nem mesmo podemos afirmar que estamos perto do centro
da nossa própria galáxia, ela mesma apenas uma em meio a centenas de bilhões de
outras. O centro não é uma posição relevante no universo.
Entretanto, aprendemos também que
somos feitos de poeira das estrelas, que nossa química é produto de inúmeras
explosões estelares que espalharam as sementes da vida pelo cosmo. Seria muita
pretensão acreditar que somos tão privilegiados a ponto de sermos os únicos em
toda a galáxia capazes de refletir sobre nossas origens, de refletir se estamos
sós. Meu instinto diz que não deve ser assim, que é melhor que não seja assim.
É difícil acreditar que somos especiais. Difícil e perigoso, pois leva a uma
confusão de sermos raros e sermos “escolhidos”, entre ciência e religião.
Porém, o que vemos, ao menos até agora, é que a vida é mesmo rara nesse sistema
solar, e provavelmente também em outros. Vida inteligente, então, mais rara
ainda, visto que somos produto de uma série de acidentes cósmicos e geológicos
que resultaram numa espécie bípede capaz de dominar todas as outras, mesmo
sendo fisicamente mais fraca (...) sou forçado a concluir que somos mesmo
raros, que a vida é um privilégio e que a inteligência é uma centelha do divino
que carregamos conosco.
(Epílogo do livro “Poeira das Estrelas” de Marcelo Gleiser e Frederico Neves)
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